segunda-feira, 30 de março de 2009

A espera

Estava calado e não sabia o que tinha acontecido. Todos diziam que eu estava muito estranho e acho que, realmente, estava. Meu dinheiro estava acabando e o efeito do álcool também, então decidi que queria conhecer outro lugar, ou apenas dormir em outro lugar, mas não podia. Fiquei esperando por horas e mais horas um telefonema avisando que a tia do meu vizinho havia falecido; que o último panda da china tinha se suicidado por não conseguir cópula com ninguém; que um hipopótamo albino e raro tinha morrido de obesidade... enfim, qualquer coisa que pudesse justificar, de maneira banal, minha cara fechada e os olhos baixos.

Subitamente, percebi que eu estava com dez ou doze pessoas, mas nunca me senti tão sozinho. Decidi sentar, acender o último e alheio cigarro e esperar a tristeza passar. Ela passaria logo.

domingo, 29 de março de 2009

Sobre o mau humor.

É mais instantâneo que o achocolatado líder no mercado. Surge de repente sem pedir licença e fica por um tempo. Ah, o sábio mau humor. Pelo menos ele não faz muito barulho e posso até dizer que costuma ser bastante silencioso, embora eloqüente. O silêncio significa que há um turbilhão de pensamentos escondidos na ausência das palavras e é isso que me deixa irritado. É sim! Não gosto de pensar muito, porque, quanto mais eu penso, mais consigo ver como as coisas estão erradas. Pensar muito me deixa mal humorado e faz com que qualquer pergunta sem um pouco de elaboração seja motivo para uma resposta ríspida e ácida. É, amigo! O ph do meu humor é baixíssimo.

- Por que tu tá brabo?
- Não sei, pô!
Só sei que tô.
















"life is overrated! ! !"


O incrível é que (quase) ninguém leva a sério a porcaria do meu mau humor. Infelizmente, as poucas pessoas que se importam, importam-se demais e ficam mais mal humoradas ainda, caralho! Na real, o meu momento de irritação é quase cômico pras outras pessoas e não inspira nenhuma credibilidade. É menos confiável que maionese quente. Algo do tipo: “Haha, o João tá brabo! Isso passa logo e nem dá bola pra ele”.
Pensando bem, até gosto que as coisas sejam assim; a minha tristeza e apatia pegam o busão, mas eu sei que logo elas precisam desembarcar e que sorte a minha! A viagem costuma acabar rápido. É só respirar, tomar um café, olhar um bom filme e tudo volta ao normal; concluo que tenho bons amigos, estou fazendo o que gosto e isso basta. Sei Eu fico puto da cara por muita coisa, mas o melhor é ficar feliz com o pouco (e necessário).