domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sobre correr


Sabe, eu gosto do movimento; deixar leve o que os poetas chamam de alma. Eu corro porque, ficando parado, minha cabeça gira e os pensamentos fluem. Não é bom pensar em certas coisas! É bom que as coisas se movam, mas é preciso controlá-las.

Eu corro porque meus batimentos cardíacos não são diretamente proporcionais a alguns processos neuroquímicos que eu tento evitar; pequenas informações armazenadas no meu hipocampo que, por instantes, tornam-se voláteis com algum gole de whisky vagabundo.










Não há adversários para fugir, além de mim mesmo e outras faces insolúveis em um mesmo reagente. Eu corro para satisfazer alguns vícios sensoriais e paro para não perder o prazer de um suspiro pausado e ofegante. Correr exatamente para ter noção da rapidez das coisas.

Eu corro para não perder a hora ou me perder no próprio norte. Para me sentir cada vez mais longe do mundo. “Eu corro até meus músculos arderem e jorrarem ácido de bateria” (Jack) e, então, canso; fico com falta de ar; dilato meus brônquios artificial e viciosamente para poder deitar.

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